Hoje quero pegar minha moto e andar sem rumo, o tanque está cheio, o óleo trocado, a mochila pronta e a vontade crescendo.
Quero conhecer novos horizontes, que como os desbravadores dos sete mares fizeram para encontrar essa terra maravilhosa.
Terra que emana leite e mel, mas não é a terra prometida. Terra de um povo hospitaleiro, que mesmo com todo sofrimento ainda consegue colocar mais um prato em sua mesa, cortar o bife um pouco mais fininho para dividir com um desconhecido o pouco que tem.
Terra cercada de lindas praias, mas o melhor, de ótimas serras, que é onde eu me sinto realizado deslizando minha máquina por sobre aquele asfalto e sentindo o vento em meu rosto.
Rosto esse calejado pelo tempo, por dores nunca antes sentidas e por experiências vividas.
Hoje eu pego minha moto e faço dela a máquina mais feliz do mundo, mostro a ela nossas dunas, areias limpas e lindas, nossas trilhas e caminhos.
Vou até onde o homem nunca foi antes, a fronteira final.
Chegando lá vejo as aves, cachoeiras e cavernas o que esse meu país tem para me mostrar.
Voltar ainda não, a estrada é longa e o horizonte está logo ali.
Lá longe vejo a chuva, sigo adiante ou paro? Essa dúvida não existe, meu caminho já está traçado, não por mim, mas por DEUS.
Paro num posto sujo e fedorento, olho um garoto tocando um cachorro sarnento... pra dentro do bar , entro e peço uma bebida, comer ali, nem pensar, preciso voltar para casa vivo.
À noite vem chegando e meu destino também, o lugar é lindo, uma cabana bem aconchegante, longe da loucura da cidade. Deito e durmo, descanso meu corpo sobre uma cama de palha ao som de lobos uivando.
Me levanto, abro a porta e vejo todos, a matilha tem filhotes, os mais velhos estão ensinando os mais novos a se comunicar, me junto à eles e à plenos pulmões me faço ser escutado, a sensação é ótima.
A noite acaba, o sol aparece fraco sobre a montanha (tenho que ir até lá um dia desses) e me faz lembrar o meu amor.
Pego meu caminho de volta, encontro alguns novos amigos que me acompanham por mais um trecho, me lembro da matilha da noite anterior e começo a uivar, e sem dizer nada meus novos companheiros me acompanham nesse concerto, a sensação e boa.
Sigo pelo meu caminho, me despeço deles e vejo um lugar conhecido, lá na frente está meu cachorro, sentado à beira da estrada me esperando chegar.
Volto com outra cara, outro humor, renovado e mais jovem.
Mas é na estrada que eu alivio as minhas dores, penso em meus amores e dou meu grito de
LIBERDADE!!!