Comecei a trabalhar cedo, ou seja, com apenas doze anos de idade, assim consegui juntar um dinheirinho para adquirir minha primeira moto na década de setenta, entre meus quinze e dezesseis anos. Na época não existia concessionária de motos, algumas lojas revendiam motos trazidas por importadores diversos.
No centro de Sorocaba existia uma loja de material esportivo chamado “Campeão Olímpico”, que revendia motos Honda, como meu pai tinha amizade com o proprietário, o Sr. Jamil, fomos até lá e encomendamos uma Honda 50cc.
Depois de alguns meses sem a moto aparecer, o Sr. Jamil nos disse que estava tendo problemas para trazer Honda, mas estava conseguindo trazer motos da marca Yamaha.
Ele me mostrou um catalogo, e de cara decidi qual moto eu queria.
Optei pelo modelo FS1, na época era o modelo Sport da linha de 50cc de dois tempos da Yamaha.
Depois de cerca de três meses ela finalmente chegou.
Combinamos então retirá-la no sábado na parte da manhã.
Como eu nunca tinha andado de moto combinei com um amigo que era proprietário de uma Jawa de 250cc, que estudava comigo no “Estadão” e tinha habilitação de motocicletas, para que fosse em casa no sábado às duas horas da tarde para me ensinar a pilotar. Naquela época pouquíssima gente tinha habilitação de motocicletas.
Meu pai tinha uma Kombi, retiramos os bancos e fomos buscar a motoca.
Chegamos em casa na hora do almoço, e eu fiquei esperando meu amigo... duas horas e nada... o cidadão me deu o “cano”. Agüentei até as três horas da tarde, e depois de "quebrar a cabeça" tentando entender como fazer a moto funcionar e como eram seus comandos, subi em cima da danadinha, bati no pedal de partida e sai andando.
Após algumas horas já consegui entender e me familiarizar com quase todos comandos, mas não conseguia entender perfeitamente a relação de marchas.
Depois de alguns dias quebrando a cabeça, o esperto aqui descobriu que era possível abrir uma das laterais da moto, e então encontrei o jogo de ferramentas e o manual do proprietário, e com ele consegui aprender mais coisas sobre a moto, principalmente como era a relação de marchas. E aqui vale uma explicação mais detalhada... naquela época a maioria das motos japonesas pequenas tinha quatro marchas, escalonadas no sentido inverso das atuais. Ou seja primeiro o ponto morto, depois para baixo a primeira e assim consecutivamente, as alavancas sempre tinham a parte traseira do cambio para acionamento com o calcanhar.
Minha moto foi uma das primeiras que chegaram com cambio de cinco marchas dispostas na mesma seqüência atual, e a alavanca só tinha a parte da frente. O que conferia a ela um ar mais “racing”. A motinha era linda, com pintura na cor laranja metálica, tinha uma faixa horizontal no centro do tanque. Foi ai que começamos a conhecer o bravo motor dois tempos, minha moto batia fácil a tradicional noventinha da Honda.
Tive muitas outras motos depois dessa, mas sem duvida alguma ela é a mais agradável recordação que guardo de minhas motocicletas.
Tomás André dos Santos – tasmotos
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