Minha paixão por motocicletas vem desde o inicio dos anos 70, quando comprei minha primeira moto, uma pequena Yamaha 50 cc. Na época os japoneses, já tinham iniciado a revolução no mundo das motos, criticados na época por montarem motos em grande escala e mais baratas como os chineses fazem hoje. No auge dessa historia ocorreu o lançamento da CB 750 com quatro cilindros e freio a disco a um preço acessível, mudou o mundo da moto para sempre. Então parecia que o mundo não ia ter fronteiras, e que nós motociclistas brasileiros iríamos desfrutar de todos os momentos maravilhosos dessa historia. Então veio a restrição à importação, e com ditadura e falta de democracia, o capitalismo praticamente morreu, e com isso morreram nossas ilusões de se poder comprar motos de médias e altas cilindradas a preços acessíveis. Heroicamente a Honda ficou fabricando suas motos de pequena cilindrada. Mas a falta de concorrência é perversa e acaba corroendo os alicerces do capitalismo, e assim a Honda do Brasil continuou, sem concorrência, a fabricar suas motinhas com comando de válvula por varetas, ano após ano sem nenhuma inovação. E a cultura que se formou após isso é algo tão absurdo que não se consegue nem compreender, jovens que veneram a CG 125 como se ela fosse a melhor moto do mundo acham que partida elétrica e freio a disco não prestam. Mal sabem que a Honda nesses anos todos teria muito mais para oferecer-lhes. Então com o passar do tempo voltou à democracia, e junto o capitalismo e a globalização, que estão fazendo com que aquela historia que ficou parada lá no passado se vislumbre novamente para nós. Ainda falta muito para chegar lá, pois a moto media e grande no Brasil ainda são mais caras que outros paises, mas já vislumbro alguma coisa, pois já podemos ver assim como a Harley Davidosn, motos de médio e grande porte mais acessíveis ao nosso consumidor. Mas junto com as mudanças no Brasil, a industria da motocicleta sofre também profundas modificações em todo o mundo. A industria em geral como conhecíamos, já não existe mais. Não existe mais o amor pela marca, junta-se peças e componentes a fim de fabricar algo mais barato. As fabricas produzem por encomenda produtos que não levam sua marca. As vendas são massificadas, a informação sobre o produto se dilui entre os consumidores, não se busca mais a fidelidade do cliente. E da mesma forma as Marcas se transformam em produtos que são vendidos e revendidos sem o menor escrúpulo. Nesse contexto estão querendo que compremos uma moto como quem compra um celular. Mas não se enganem esses “vendedores”, pois o consumidor não é tão burro assim, se alguém ainda continuar a fabricar motos com paixão, como antigamente, com certeza esse será o vitorioso. Mesmo porque existem segmentos distintos entre os consumidores de motocicletas, o que compram motos para transporte, e o motociclista que tem paixão pela sua marca. De qualquer forma espero que agora que finalmente os problemas econômicos e financeiros para se ter uma moto estão se resolvendo, tenhamos finalmente motos com qualidade, a altura de todas aquelas motos que a vida inteira sonhamos.
Tomás André dos Santos - tasmotos
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